por Rafael Pankinho
Nosso amigo Leonardo já falou sobre a falta de interesse nos estaduais, mas – com todo respeito – tenho de discordar do foco dado em seu texto. Todo começo de ano é o mesmo blá, blá, blá, a mídia desqualifica os grandes nas primeiras rodadas por causa da falta de ritmo e aquela chatice que todos nós conhecemos...
A sensação que tenho é que o campeonato paulista vive de um passado glorioso e um presente melancólico. Tudo bem que até os anos 90 era comum jogar contra a Ponte Preta no Moisés Lucarelli e ter o time de Campinas como favorito ou temer um enfrentamento com o Juventus na Javari, mas isso já passou e faz algum tempo que não temos bons times do interior do estado. Os dois últimos que me lembro são o São Caetano e o Botafogo de Ribeirão Preto – o primeiro campeão de 2004 e o outro que encantou em 2001, mas foi vice campeão.
Em minha opinião, a pré-temporada mal realizada, somada a esse campeonato meia boca faz com que os times grandes estejam mal preparados para quando realmente importa e os pequenos não duelam com times de sua grandeza e tentam alçar voos mais altos.
A manutenção do paulistinha está em geral ligada a um discurso de manutenção da “tradição do interior” que a meu ver não se sustenta, por alguns motivos que apresentarei a seguir: 1. Os times do interior são fracos e, em geral, perdem dos grandes; 2. Como não conseguem montar bons times são sempre ridicularizados e sua força diminui cada vez mais; 3. A atração do campeonato fica para os clássicos entre os grandes; 4. Alguém se lembra, de cabeça, qual o último campeão do interior (naquele campeonato interno inventado pela Federação)? Conclusão: Esperamos um campeonato de 22 rodadas (contando pontos corridos e mata-mata) para assistir cerca de 7 jogos (!). Para os pequenos um martírio, para os grandes uma punição.
Vejamos então, os tradicionais clubes do interior são batidos pelos grandes que por sua vez estão em outra, com outros objetivos, e só utilizam o estadual como pré-temporada e como termômetro nos clássicos. Se o quadro é esse, por que continuar com um modelo em que os pequenos são diminuídos e os grandes estão desinteressados?
Acabo de ver a vitória do Corinthians sobre o São Paulo, o melhor Majestoso dos últimos dois anos, mas para isso tive de assistir 6 jogos fraquíssimos em que o Timão só jogou para o gasto e com total desinteresse e, além disso, foi um jogo que valeu só pela rivalidade, ou alguém duvida que os dois estarão classificados para a fase final do paulistinha? Se há um interesse só nos clássicos, por que não fazer um quadrangular e uma final para saber o campeão do estado? É claro que isso seria ridículo, mas nosso campeonato hoje tem essa proposta com um quadro de clubes ampliado e nada mais...
Situação ainda mais melancólica para os outros grandes centros do futebol brasileiro. No Rio o campeonato é tão fraco que tem de ter 3 títulos para ter graça. No RS e em MG, os times jogam 4 meses para ter a mesma final todo anos... Que merda!
É necessário achar uma fórmula que viabilize um campeonato mais intenso e significativo para o torcedor, sem saudosismo burro e com maior interesse por parte dos clubes. Talvez uma disputa com os doze grandes e quatro classificados por meio de campeonatos regionais, em que o campeão se garantisse na Libertadores do ano seguinte. Teríamos ainda a Copa do Brasil em seu novo modelo a partir de 2013 e o campeonato brasileiro que levaria os 3 primeiros para a competição mais importante das Américas. Poderia ser uma solução, mas duvido muito que aconteça...
2 comentários:
Grande Pankinho, o debate está ficando bom!
Até o momento não vi nenhum jogo fácil no Paulistão. Tanto São Paulo quanto Curintcha tem vencido as partidas com placares magros.
Vc tocou num ponto chave: o desinteresse dos jogadores. Se os jogos são sem graça, boa parte da culpa é dos próprios jogadores que fazem pouco caso dos jogos.
Daí levanto outra hipótese. Os jogadores são mesmo desinteressados ou falta qualidade técnica?
Se os times do interior são tão fracos, pq o SPFC nao conseguiu vencer o Comercial e o Curintcha nao conseguiu vencer o Mogi Mirim?
Esses dias vi uma entrevista com o Fernando Baiano, que durante um tempo jogou no Mayorca da espanha. Segundo ele, os dirigentes diziam que não seriam campeões desde o começo, que apenas brigariam para se manter na Série A.
Quando Fernando descobriu isso, acabou aceitando a primeira proposta mais ou menos que apareceu, pois a vontade era jogar os grande campeonatos e não apenas tentar se manter.
Vejo que o problema do Paulista é esse, temos bons jogadores, mas em um momento físico e técnico ruins,jogando contra times fracos e retrancados e, por isso, tão difíceis de serem batidos...
Os grandes são bons - exceto o verdinho de perdizes que ainda não sabemos como será - mas não conseguem vencer por que não faz nenhum diferença vencer...
Abraços!
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