Uma noite inesquecível...

Ton Figueiredo

Há exatos 20 anos o glorioso e soberano São Paulo Futebol Clube conquista a América pela 1ª vez na sua história, a primeira e acredito eu, a mais importante. Pois, foi naquela noite de junho de 1992 que as portas do mundo se abririam para a torcida tricolor.

Como em um filme de ficção científica, vamos entrar na máquina do tempo e relembrar um pouco daquele dia inesquecível. O personagem da história, não sera Telê ou Raí, nesse enredo o protagonista sou EU mesmo e vou tentar, depois de 20 anos contar um pouco de como vivi aquele dia, aquela noite, o jogo e toda a emoção de soltar o grito de campeão no Morumbi.

Eu tinha 13 pra 14 anos e como todo adolescente o jogo começou na escola, a tensão era total, na classe eu ignorava todo e qualquer tipo de algarítimo, formula, equação, oração subordinada na verdade, eu só queria saber do jogo, eu e meus amigos só falávamos sobre a partida, a provável escalação, o craque que decidiria, quem era o argentino mais perigoso.

Lembro muito bem, eu ia pro Morumbi com o Fernando, um amigo do prédio e que também estudava na mesma escola que eu, ele era mais velho assim como os outros 8 integrantes daquela caravana tricolor que partiria em direção à zona sul, partindo da ZN.

Fomos em 2 carros, um gol e um voyage, e nos tetos duas bandeiras enormes do SPFC, saímos rumo ao Morumbi por volta das 17h, naquele tempo nem trabalhávamos ainda (Que tempo bom que não volta nunca mais).

O caminho foi mesmo de sempre, pegamos a Avenida Tiradentes e desembocamos na 9 de Julho e de repente, um mar de carros e ônibus congestionava uma das principais avenidas da capital. Eram bandeiras, camisas, pais e filhos, todos vestidos de SPFC e nós lá vivendo a história, fazendo parte daquele momento único.

Demoramos demais para chegar, paramos os carros longe do estádio, era inverno, naquela época fazia muito, mas muito frio em São Paulo. Acho que a temperatura beirava os 4, 5 graus e pra quem conhece o gélido Morumbi, sabe que a sensação térmica é muito mais baixa do que a que o termômetro marca.

Pois bem, entramos no estádio faltando mais ou menos uma hora pra começar o jogo, as arquibancadas estavam completamente lotadas, há 20 anos não tínhamos tantos camarotes, bares e restaurants era simplesmente “bancada” de cimento.

O clima era sensacional, contagiante e eu lá, vivendo esse momento junto com o pessoal da escola e do prédio. O SPFC estava escalado com Zetti; Cafu, Antonio Carlos, Ronaldão e Ivan; Adilson, Pintado, Raí e Palhinha; Elivelton e Muller, no lugar do camisa 7, entraria Macedo no decorrer do 2º tempo e posso dizer amigóns, teria papel fundamental nesse grande dia.

O jogo começou tenso, o Morumbi tava superlotado, eram mais 105 mil pessoas, os argentinos catimbavam e contragolpeavam com muito perigo, acertando a trave em lance ainda na primeira etapa. A tensão na arquibancada era total, Muller e Raí perderam gols certos e o primeiro acabou com em um 0 x 0 quente e muito frio no estádio.

Na 2ª etapa, a mesma coisa até que o mestre Telê, tirou um dos craques do time, Muller para a entrada do iluminado Macedo, no seu primeiro lance no jogo, ele domina na área, dribla um zagueiro e cai…..PENALTI pro SÃO PAULO!!!!!!!!!!

Nas arquibancadas uma explosão de alegria que durou apenas alguns segundos. Com a bola na marca da cal Raí e Scoponni, um duelo cara a cara do craque e capitão tricolor contra o catimbeiro goleiro argentino.

Lentamente Raí caminhou para a bola e chutou forte, rasteiro e colocado no canto direito do goleirão: GOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLL

1 X 0 pra gente, Tricolor na frente, faltava apenas um gol para o título inédito, enquanto a torcida comemorava o coro comia dentro do gol, Raí, Scoponni, Elivelton e mais uma meia dúzia de jogadores trocavam empurrões dentro da meta argentina.

No melhor clima de libertadores o jogo recomeçou, faltavam acho que 15 minutos para o fim da partidae tanto de um lado quanto de outro o respeito prevalecia. O São Paulo precionava, mas nem tanto, já que um contra-ataque seria fatal. O News Old Boys, se retrancou e esperou aquele lance que nunca veio. O jogo continuou assim até o apito final e foi aí que me dei conta, VAMOS PARA OS PENALTIS!!!!!

Rapaziada, que baita desespero…Juro, lembro bem pouco daqueles poucos minutos que se passaram. Só sei que o Ronaldão perdeu um penalty e eu quase infartei e o Zetti pegou a penalidade decisive, do craque do time deles, um baita de um beque chamado Gamboa. Não narrei aqui cobrança por cobrança pelo simples fato de que nesse texto estou contando o que vi em campo e vou ser sincero para vocês, as penalidades eu quase não vi de tanto nervoso.

No momento que Zetti defendeu aquele penalty, o SPFC se tornou campeão da América e se juntou aos grandes times como o Santos de Pelé, o Flamengo de Zigo, o Boca, o Independiente, a dupla uruguaia Peñarol e Nacional e tantos outros.

A América era nossa e o Morumbi era da torcida, o campo foi invadido por uma multidão e carregou seus ídolos nos braços era o fim de um grande campeonato e o início da dinastia de um dos melhores times do mundo: O São Paulo de Telê e Raí que mais tarde conquistariam o mundo.

A volta pra casa foi sensacional, a cidade estava tomada, bandeiras, fogos e camisas por todos os lados, chegamos tarde na ZN e no outro dia, era dia de escola e lógico o uniforme não poderia ser outro, se não o meu MANTO SAGRADO TRICOLOR.

É isso amigóns…tentei passar um pouco da emoção daquele 16 de junho, se você tiver alguma lembrança…comente

Um grande abraço a todos e boa rodada nesse final de semana e lembre-se, nossa liga está bombando no CartolaFC, quer participar? Monte seu time e participe o nome da liga é: OFC CRAQUES DO ÓBVIO.