Agora é Copa do Brasil

por Julio Canuto

Saudações Tricolores!

Domingo, no Morumbi, um dos maiores clássicos mundiais definiu um dos finalistas do Paulistinha 2012. São Paulo F.C. vs. Santos F.C., os dois times de maior história do Brasil, dois dos maiores times das Américas e do Mundo. Jogo com o peso de seis conquistas da Libertadores da América (três para cada clube) e cinco mundiais (três do clube da capital e dois do clube do litoral). Os clubes que tiveram as inesquecíveis equipes do Rei Pelé e do Mestre Telê Santana. Um clássico muito, mas muito maior que o outro da capital, onde duas equipes menores possuem uma rivalidade de bairro.

Após vencer o C.A. Bragantino nas quartas de finais por 4 a 1, o Tricolor tinha um difícil desafio pela frente, e agora com o desfalque do experiente atacante Luis Fabiano. Na primeira fase do campeonato, jogando no mesmo estádio, o São Paulo F.C. conseguiu uma emocionante vitória por 3 a 2, jogando todo o segundo tempo com um jogador a menos. Na ocasião, Rodrigo Caio havia sido expulso após sucessivas faltas em Neymar. Ainda assim, mesmo sofrendo o empate o Tricolor teve pernas e inteligência para ampliar o placar e garantir a vitória, em ótima exibição de Lucas, um jovem jogador Tricolor que estava devendo. Enfim, apareceu em um clássico, mas ainda faltava um jogo decisivo, e o dia era 29/04/2012.

No ultimo domingo, porém, o clima era totalmente diferente: semifinal! Hora de decisão e dos craques aparecerem, chamarem a responsabilidade e decidir. Aí está a fundamental diferença das duas equipes. Sim, existem outras diferenças: o Santos F.C. tem um grupo atuando junto ha mais tempo, que já conquistou vários títulos; mas principalmente tem Ganso e Neymar. O primeiro cadencia o jogo, tem ótima visão do campo e, muito inteligente, faz excelentes passes; o segundo, ao contrário, incendeia os jogos, corre, dribla, dá passe, ameaça, chuta, e tudo isso com muita qualidade. Já o São Paulo F.C. tem uma equipe recém formada, e que é boa. Mas não tem craques para desequilibrar a partida. Um que a imprensa e seu empresário acham que é craque, e ele acredita, o tal Lucas, não passa nem de perto por isso. É um bom jogador, mas um jogador comum, não mais que isso. Dribla bem e também chuta bem de fora da área, mas tem um defeito imperdoável para quem joga em uma grande equipe: se esconde nos momentos decisivos. Eu estava lá no Morumbi e pude observar o  comportamento de Lucas durante os 90 minutos, mesmo sem bola. Se tivesse com um cronômetro na mão para marcar o tempo de posse de bola, de arrancada, de caminhada, de se esconder atrás da marcação e de ficar parado com a mão na cintura assistindo o jogo de longe, com certeza esta ultima alternativa teria 70% do tempo, com mais 20% da anterior (escondido atrás da marcação).

Mas para não dizerem que eu estou pegando no pé do "jovem craque", vou analisar por outro ângulo: a marcação. O que impedia Neymar de atacar? Nada. E não estou criticando a marcação de Píris. Todos sabemos que o lateral Tricolor é limitado, mas cumpriu bem seu papel de marcar o craque santista, fez o que pode. Impossível não levar uns dribles de Neymar. Mas vejam bem, nenhum dos dois gols da primeira etapa saiu de falha de Píris. O primeiro, logo no início do jogo, foi de pênalti, em boa arrancada de Arouca que passou para a Alan Kardec na área, que Paulo Miranda derrubou com um carrinho, e por sorte não foi expulso (e como é ruim esse Paulo Miranda, hein! O que o Edson Silva está fazendo no banco?). Já o segundo surgiu da inteligência de Ganso que após dominar bola afastada por Rhodolfo passou rapidamente para Neymar, que em velocidade invadiu a área e tocou na saída de Dênis. Píris, com cartão amarelo, teve que ser substituído por Rodrigo Caio, outro bom marcador (que marcou Neymar no primeiro jogo), mas que não conseguiu evitar o chute do camisa 11 santista que contou com a falha de Dênis, já na segunda etapa.

Aliás, tenho que defender Dênis aqui. Alguns babacas na arquibancada e também na imprensa criticaram duramente o goleiro. Dênis joga muito, está repondo a bola como Rogério Ceni, no pé dos jogadores. Falhar é normal, acontece. O gol deu um banho de água fria no São Paulo F.C., mas isto está muito longe de responsabilizá-lo pela derrota. Vamos a quem tem muito mais culpa: Lucas. Quem o marcava? Lucas, de 19 anos, tinha pela frente Léo, o lateral esquerdo santista de 36 anos. Léo é muito bom jogador, mas espere um pouco. Lucas simplesmente se entregou a marcação do santista, e também não marcava quando o experiente lateral descia. Se escondeu do jogo, literalmente. Nada surpreendente para eu que sempre falo das deficiências de nosso pseudo-craque. Ainda assim, penso que o mínimo que se pode esperar de alguém que se considera craque, é que chame a responsabilidade. Mas não, a única vez que vi Lucas levantar a mão para pedir a bola, já havia passado da metade do segundo tempo, quando o camisa 7 Tricolor fez duas boas jogadas - e foi só! A atuação foi tão ruim, que até mesmo Fernandinho, que tem apenas uma jogada e que entra pra cavar pênalti se destacou perto do "craque", só pela vontade. 

Gostaria muito que esse boato que circulou recentemente de que o empresário e o pai de Lucas foram visitar o Real Madrid, e que há interesse da equipe espanhola pela "promessa Tricolor" seja realidade. O São Paulo F.C. vende, consegue um bom dinheirinho e se livra do fiasco. Se perder qualquer uma dessas oportunidades, vai perder dinheiro.


Era óbvio que o São Paulo F.C. deveria abrir o jogo, jogar pelas laterais do campo, mas o time sempre centralizava o jogo, facilitando a marcação santista. E Lucas também não pedia bola, não abria pela lateral, não dava trabalho a Léo. Mas enfim, a equipe como um todo jogou mal. As duas melhores chances na primeira etapa saíram com Cortez, pelo lado esquerdo. Na segunda etapa o São Paulo F.C. pressionou mais não porque jogou melhor, mas porque o Santos F.C. esperou a equipe Tricolor. 

O resultado foi justo, a arbitragem foi boa, e o show foi de Neymar que marcou três, deu seus dribles costumeiros e ainda ajudou na marcação quando o jogo já estava 3 a 1, muito diferente do nosso "craquezinho". Ou seja, nada surpreendente. 

O São Paulo F.C. segue na Copa do Brasil e terá um interessante confronto contra a A.A. Ponte Preta, coincidentemente a outra equipe eliminada na semifinal do Paulistinha, pelo Guarani F.C., também pelo placar de 3 a 1.

A equipe Tricolor é boa, e temos boas chances de conquistar este título inédito. Pra cima deles, Tricolor.


ESCALAÇÃO

São Paulo: Denis; Piris (Rodrigo Caio, no intervalo), Paulo Miranda, Rhodolfo e Cortez; Denilson, Casemiro (Osvaldo, 30min/2ºT), Cícero e Jadson (Fernandinho, no intervalo); Lucas e Willian José. Técnico: Emerson Leão 
Santos: Rafael (Aranha, 10min/2ºT); Maranhão, Edu Dracena, Durval e Léo; Adriano, Arouca, Elano e Paulo Henrique Ganso; Neymar e Allan Kardec (Renteria, 38min/2ºT)Técnico: Muricy Ramalho.•


GOLS

São Paulo: Willian José (18min/2ºT)
Santos: Neymar (3min/1ºT, 31min/1ºT, 32min/2ºT)

MELHORES MOMENTOS SÃO PAULO 1 X 3 SANTOS

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Informações sobre escalação e gols, e placar: site São Paulo F.C.