segunda-feira, 25 de junho de 2012

Quando a pressão vence a técnica

 Ton Figueiredo (by Bruno Lacerda)

Meu amigo Bruno Lacerda parece que tomou gosto pela coisa e mais uma vez faz sua análise sobre o seu time de coração, o Clube de Regatas Vasco da Gama. Segue o jogo, diretamente do Banco de Eventos, de uma baia para outra, uma tabelinha que parece que dá jogo...

A derrota do Vasco, no sábado, foi daquelas que não deixam muito espaço pra discussão.

Passamos o domingão de cabeça inchada, mas sem aquele sentimento de “esses 3 pontos estavam ganhos”. O mais perto que chegamos de um resultado razoável foi enquanto o placar ainda estava no 0 a 0.

Taticamente, o Cruzeiro fez um jogo quase perfeito. No início, conseguiu transformar nossa maior posse de bola em puro detalhe estatístico, já que pouco fizemos com ela. Depois disso, Montillo & Cia encaixaram seus contra-ataques e aproveitaram as chances que tiveram. Simples e eficiente.

O Vasco, por outro lado, mostrou mais uma vez que é uma grande panela de pressão. Quando consegue fazer pelo menos um gol nos primeiros 30 minutos, joga leve e geralmente consegue os resultados. Caso contrário, mesmo o elenco adversário sendo bem inferior, vem um impressionante nervosismo e os famosos apagões que já são moda desde o ano passado.

Aí a gente começa a se perguntar: por que isso acontece?

Um indício está aqui. Os vários anos sem títulos importantes (exceto pela Copa do Brasil de 2011) deixaram a torcida do Vasco em uma eterna crise de impaciência. Qualquer derrota, mesmo que ainda estejamos entre os primeiros colocados, vira motivo pra revolta.

E essa situação é complementada por um Cristóvão que demora demais a se desapegar de certas convicções.

Sábado, fomos de Felipe Bastos no lugar do Juninho, gripado e não relacionado para a rodada. Completando o meio-campo, Rômulo e Nilton, com o Diego Souza na armação.

O melhor dos nossos Felipes mais uma vez começou na lateral-esquerda, caindo para o centro e tentando aproveitar a suposta proteção extra propiciada pelo esquema com três volantes.

Deu tão errado que o Cristóvão substituiu o Bastos já no intervalo, com o Thiago Feltri assumindo a lateral-esquerda e o Felipe sendo definitivamente deslocado para o meio-campo.

Éder Luís, que eu já havia citado no meu primeiro post aqui no blog, foi o pior em campo novamente. Dessa vez, além de armar o ataque do Cruzeiro no primeiro gol, conseguiu ser o recordista de passes errados da rodada.

São problemas que vêm se repetindo este ano. A formação com três volantes cria a necessidade de que o Felipe Bastos seja constantemente eficaz no apoio ao ataque. Mas isso quase nunca acontece e nós ficamos em déficit de criatividade. É um cara que até ajuda lá na frente, mas o time não pode depender de que ele faça esse papel.

Quanto ao Éder Luís... Em 20 anos acompanhando futebol, poucas vezes vi um atacante ter uma sequência tão tenebrosa. Principlamente tratando-se de um atleta de bom nível, que é o caso dele.

No entanto, o Cristóvão demora demais a se decidir que é hora de dar chance pra outro jogador ou mudar um esquema que não tem trazido resultados.

Isso coloca ainda mais pressão sobre quem está em campo. Às vezes, o camarada vai mal porque  está jogando em um esquema que não o favorece. Outras vezes, só precisa de um tempo no banco, pra diminur a pressão da torcida, trabalhar a forma técnica e psicológica, espairecer.

Talvez o melhor exemplo seja o Rodolfo, que começou o ano com atuações medonhas, repetindo as mesmas falhas semana após semana. Demorou até nosso treinador resolver que era o momento de sacá-lo do time. Agora, de volta à titularidade, está se provando um zagueiro bem razoável, que infelizmente precisou se queimar antes de ser substituído e ter um tempo pra pensar na vida.

Ao contrário de parte da torcida do Vasco, acho o Cristóvão um bom técnico. Mas suas escalações são rígidas demais.

É preciso saber a hora de mudar certas convicções. Antes que a panela de pressão exploda.


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