Dois jogos em 90 minutos

por Julio Canuto

Saudações Tricolores!

Começo a escrever este texto no intervalo do jogo Coritiba F.C. vs São PauloF.C. E que jogo! Jogão! Jogo difícil, já sabíamos. Ainda mais após o empate em casa para o Atlético Goianiense, no último sábado, no Morumbi, numa partida que jogamos muito bem, perdemos alguns gols e tivemos duas falhas. Duas! Mas suficiente para nos tirar a vitória. No Couto Pereira o time tinha que estar duplamente ligado: para não falhar e agüentar a pressão. O São Paulo foi a campo com Rogério Ceni; Jean, Xandão, Rhodolfo e Juan; Denilson, Wellington, Carlinhos e Rivaldo; Lucas e Dagoberto.

JOGO UM

Dito e feito, o jogo começa com o Coritiba F.C. pressionando. Logo nos primeiros minutos Rafinha acerta a bola na trave. Mas o São Paulo F.C. mostra que está se arrumando. Além de se defender bem, o time parece entrar no ritmo de Rivaldo: toques de primeira. Era isso que há tempos eu esperava ver no Tricolor. Nosso time chegava pouco, mas não jogava mal. Em um ataque persistente – porque já havia perdido a bola, mas recuperou – Welington, no bico da grande área rapidamente rolou para Lucas, que rolou para Carlinhos, que ajeitou e bateu, de esquerda, com efeito, e ela foi no ângulo. Golaço aos 17 minutos! Carlinhos, vaiado pela ingrata torcida do Coxa, vibrou, bateu a mão no peito, comemorou e gritou para toda a torcida alvi verde ouvir, que naquele momento estava calada.

O Coxa continuava pressionando, o meio campo Tricolor marcava bem, a zaga bem posta e com boa atuação de Rogério Ceni. De repente, aos 23 minutos, numa bola roubada no meio campo, Rhodolfo faz um ótimo lançamento para Juan, que de primeira toca por cima do goleiro e faz o segundo.

Olhando os números do jogo, como a TV quis mostrar, não se compreendia o placar. Mas não se compreendia porque se recusava ver o óbvio: o São Paulo F.C. jogava de forma inteligente, atento, tocava a bola e, mais importante, aproveitava as oportunidades. E assim, com dois a zero e muito mais a vontade em campo, o São Paulo passou a tocar mais a bola e chegar com mais perigo ao gol do Coxa. O terceiro gol, aos 30 minutos, foi uma pintura. Linda troca de passes dos tricolores, Dagoberto no comando,após receber de Rivaldo, faz tabela com Lucas,depois com Wellington, que devolve dentro da área e Dagol tira do goleiro, no canto. Um golaço! Digno de homenagem ao Mestre Telê!

Antes do final do primeiro tempo o arbitro Antônio Schneider expulsa Davi, do Coxa, indevidamente. O lance era só pro amarelo. Certeza que ele confundiu e pensou que o jogador já tinha amarelo.

E assim acaba o primeiro tempo.

JOGO 2

Ao final do jogo escrevo a segunda parte. Acabo de definir o título e o formato do texto.

Segundo tempo. O São Paulo com um a mais vai administrar? Não é bem assim. Um jogo se administra quando a equipe que está ganhando está absoluta no jogo, tem todo o domínio e tal. Dominávamos o placar, não o jogo. E o Coritiba continuou vindo pra cima, agora com ainda mais perigo. Rhodolfo joga muito, e tirou uma três, em sequência. Wellington também joga muito, e volta bem pra ajudar a zaga. Carlinhos continua bem, com vontade de jogo, e agora na lateral esquerda, pois Adilson colocou Cícero no meio campo e tirou Juan, que já tinha amarelo e com certeza era onde o juizão ia compensar a expulsão equivocada.

O São Paulo F.C. continua tocando bem. E insiste nas jogadas, não tem bola perdida. Tanto é que Lucas, aos 9 minutos, numa saída de bola errada, intercepta o passe do lateral, vê o goleiro adiantado e dá um toque por cima pra marcar o quarto gol do Tricolor. Agora, pela primeira vez, o Coxa sente o resultado. O São Paulo chega mais algumas vezes, muito próximo do gol, mas não marca. Só se ouve a torcida são paulina no Couto Pereira. Fantástico!

Até que... Adílson Batista vê o jogo ganho. Mas eu disse: estávamos dominando o placar, não o jogo. Logo aos 13 minutos ele saca Rivaldo e coloca Marlos. Treze minutos é muito cedo, não? Demais. Tanto é que 15 minutos depois o Coxa já tinha marcado dois gols: Rafinha aos 22 e Bill aos 29 minutos. O time relaxou e o Coritiba F.C. aproveitou.

O São Paulo F.C. tinha o contra ataque a seu favor, e a diferença numérica fazia diferença sim, ao contrário do que diziam os comentaristas globais. Só que a diferença era compensada pela vontade do Coritiba F.C., que não se entregou. O Tricolor podia ter aumentado, mas perdeu as chances porque agora passava a dar pelo menos três toques na bola cada jogador.

Aos 41 minutos Bill marca o terceiro do Coxa, que vai com tudo buscar o empate. É mesmo outro jogo. O São Paulo F.C. ainda desperdiça uma chance numa troca de passes entre Dagoberto e Marlos.

O árbitro consegue fazer sua compensação e expulsa Denilson – que estreou muito bem e nesta noite também jogou muito. Felizmente, apesar da pressão do Coxa, o jogo termina com a vitória do tricolor.

No final das contas, uma bela vitória. Abaixo, os melhores momentos.

NO VESTIÁRIO

Fiquei pensando quando era moleque, que jogava no time aqui do bairro. Em jogos que abríamos bom placar no primeiro tempo, e no segundo tomávamos alguns gols mas ainda ganhando o jogo, o professor Adriano não comemorava a vitória. Ao contrário. Ele dizia: “ganhamos o primeiro tempo e perdemos o segundo.” E nos dava um puxão de orelha pela queda abrupta de ritmo, pela displicência.

Mas o São Paulo F.C. não tem o professor Adriano no comando, tem Adilson Batista. Não creio que este tenha sido o caso do Tricolor, pois o Coritiba F.C. jogou muito bem. E é por isso mesmo que o problema, hoje, foi nosso técnico que pensou que o jogo estava ganho faltando mais de meia hora para o final. Se liga Adilson. E eu torcendo pra alguém falar pra ele o que estava acontecendo na Vila Belmiro.

E falando em Vila Belmiro, estou ansioso para ler as postagens dos Ordinários santistas deste blog. Sim, porque a choradeira dos caras dava a impressão de que o Santos F.C. estava jogando com oito em campo. Hoje, com a volta de Elano, Ganso e Neymar, eles jogaram com onze. E o resultado?