segunda-feira, 5 de novembro de 2012

O Vasco para, mas o blog não!


Bruno Lacerda



Fora de campo...

A derrota por 3 a 0 para o Sport, neste domingo, em São Januário, foi quase um W.O.

Pela 6ª vez seguida, vimos o apequenado Gigante da Colina sendo ineficiente no ataque e frágil na defesa. Todo mundo nervoso, até o Juninho. É a prova definitiva de que um time mediano pode chegar a níveis técnicos dignos de Z-4, quando abalado psicologicamente: nossa campanha é a 4ª pior do 2º turno.

Não que isso faça mais alguma diferença na tabela do campeonato. O ano para o Vasco, em termos de disputa por posições, acabou. O que acontece entre as quatro linhas, hoje, só importa por um motivo: sua relação com tudo o que está ocorrendo fora de campo.

A atual crise do CRVG envolve muito mais do que brios machucados ou déficit de habilidade com a bola no pé. Os salários atrasados, a infraestrutura combalida e a política conturbada têm sido provavelmente os maiores inimigos do clube – e não é de hoje.

O que vimos na última semana foi um resumo de tudo isso.

Na terça feira, uma entrevista coletiva do Dinamite. Além de tentar esclarecer alguns pontos nebulosos relacionados à atual gestão do Vasco, o presidente demonstrou certa confiança na possibilidade de São Januário receber o torneio de rúgbi nas Olimpíadas 2016.

A documentação, que deveria conter todas as garantias do clube à plena realização do evento,  foi entregue ao Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos na quarta-feira, dia em que encerrava-se o prazo para tal. Até aí, tudo aparentemente ok.

Não deixou de ser uma surpresa quando, já na quinta-feira, o comitê anunciou que a proposta do Vasco não atendia aos requisitos e o estádio estava descartado.

Das duas uma: ou o nosso vice de marketing tem razão e a decisão negativa dos organizadores já estava tomada antes mesmo de analisarem a documentação, ou o que o Vasco entregou foi tão superficial que um dia foi o suficiente para perceberem que as demandas não foram atendidas.

De qualquer forma, uma informação estranha ficou no ar: a lista de exigências feita pelo pessoal do Rio-2016 era um documento de 200 páginas; a proposta do Vasco tinha 10 laudas e nada de garantias financeiras ou projeto de reforma do estádio.

O que se viu a partir daí foram declarações desencontradas: ex-vice de finanças dizendo que deixou um projeto pronto e completo antes de sair, Dinamite adotando o discurso do “nem queria mesmo” e alegando que a reforma do estádio acontece mesmo sem rúgbi. A pergunta que mais se fez foi: se nem queria mesmo, por que, na terça, deu a entender que queria?

Veio o domingo, com a derrota em casa pra um time na zona de rebaixamento e torcedores agredidos durante o jogo, em um triste revival da truculência da era Eurico.

Por fim, ainda na noite de ontem, o Fox Sports exibiu matéria com graves denúncias da oposição e dos ex-vices José Henrique Coelho e Nelson Rocha à administração de Dinamite.

O que mais me chamou a atenção foram as declarações de Coelho sobre uma suposta série de coisas mal feitas no programa de sócios do Vasco. Segundo ele, o clube chegou a romper contrato com fornecedor e pagar multa rescisória na casa dos 3 milhões pra poder assinar com outra empresa, apenas por motivos políticos.

Os documentos elaborados pelo conselho fiscal do CRVG também foram citados, com conclusões preocupantes a respeito de falhas de gestão.

É necessário que se tenha muito cuidado ao lidar com acusações feitas na imprensa. Todo mundo sabe como é oposição: a situação mata um mosquito e é acusada de assassinato. Também não vejo motivos para os ex-VPs, que saíram por divergências com o Dinamite, fazerem qualquer tipo de apologia ao presidente.

Hoje o Vasco é uma bomba financeira e isso independe de quem esteja no poder. Vai levar anos até controlarmos os problemas nessa área. E, nesse processo, muita gente vai pular pra fora da nau aos primeiros sinais de tempestade. E depois vai criticar. É normal.

Mas as denúncias têm que ser apuradas. E o principal: Dinamite, que não apenas é mandatário mas também é ídolo do clube, PRECISA vir a público para prestar novos esclarecimentos, com o maior nível de transparência de que for capaz.

É hora de consertar fora de campo para recomeçar dentro dele.





P.S.: A cereja foi colocada no bolo há algumas horas, com a demissão do Marcelo Oliveira.

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