Bruno Lacerda
Fora de
campo...
A derrota por 3
a 0 para o Sport, neste domingo, em São Januário, foi quase um W.O.
Pela 6ª vez
seguida, vimos o apequenado Gigante da Colina sendo ineficiente no ataque e
frágil na defesa. Todo mundo nervoso, até o Juninho. É a prova definitiva de que um time mediano pode
chegar a níveis técnicos dignos de Z-4, quando abalado psicologicamente: nossa
campanha é a 4ª pior do 2º turno.
Não que isso
faça mais alguma diferença na tabela do campeonato. O ano para o Vasco, em
termos de disputa por posições, acabou. O que acontece entre as quatro linhas,
hoje, só importa por um motivo: sua relação com tudo o que está ocorrendo fora
de campo.
A atual crise
do CRVG envolve muito mais do que brios machucados ou déficit de habilidade com
a bola no pé. Os salários atrasados, a infraestrutura combalida e a política
conturbada têm sido provavelmente os maiores inimigos do clube – e não é de
hoje.
O que vimos na
última semana foi um resumo de tudo isso.
Na terça feira,
uma entrevista coletiva do Dinamite. Além de tentar esclarecer
alguns pontos nebulosos relacionados à atual gestão do Vasco, o presidente
demonstrou certa confiança na possibilidade de São Januário receber o torneio
de rúgbi nas Olimpíadas 2016.
A documentação,
que deveria conter todas as garantias do clube à plena realização do evento, foi entregue ao Comitê Organizador dos
Jogos Olímpicos na quarta-feira, dia em que encerrava-se o prazo para tal. Até
aí, tudo aparentemente ok.
Não deixou de
ser uma surpresa quando, já na quinta-feira, o comitê anunciou que a proposta do Vasco não
atendia aos requisitos e o estádio estava descartado.
Das duas uma:
ou o nosso vice de marketing tem razão e a decisão negativa dos organizadores já
estava tomada antes mesmo de analisarem a documentação, ou o que o Vasco entregou
foi tão superficial que um dia foi o suficiente para perceberem que as demandas
não foram atendidas.
De qualquer
forma, uma informação estranha ficou no ar: a lista de exigências feita pelo
pessoal do Rio-2016 era um documento de 200 páginas; a proposta do Vasco tinha 10 laudas e nada de garantias financeiras ou
projeto de reforma do estádio.
O que se viu a
partir daí foram declarações desencontradas: ex-vice de finanças dizendo que deixou um projeto
pronto e
completo antes de sair, Dinamite adotando o discurso do “nem queria mesmo” e alegando que a reforma do estádio acontece mesmo
sem rúgbi. A
pergunta que mais se fez foi: se nem queria mesmo, por que, na terça, deu a
entender que queria?
Veio o domingo,
com a derrota em casa pra um time na zona de rebaixamento e torcedores agredidos durante o jogo, em um triste revival da truculência da era Eurico.
Por fim, ainda na
noite de ontem, o Fox Sports exibiu matéria com graves denúncias da oposição e dos ex-vices
José Henrique Coelho e Nelson Rocha à administração de Dinamite.
O que mais me
chamou a atenção foram as declarações de Coelho sobre uma suposta série de
coisas mal feitas no programa de sócios do Vasco. Segundo ele, o clube chegou a
romper contrato com fornecedor e pagar multa rescisória na casa dos 3 milhões
pra poder assinar com outra empresa, apenas por motivos políticos.
Os documentos
elaborados pelo conselho fiscal do CRVG também foram citados, com conclusões
preocupantes a respeito de falhas de gestão.
É necessário
que se tenha muito cuidado ao lidar com acusações feitas na imprensa. Todo
mundo sabe como é oposição: a situação mata um mosquito e é acusada de
assassinato. Também não vejo motivos para os ex-VPs, que saíram por
divergências com o Dinamite, fazerem qualquer tipo de apologia ao presidente.
Hoje o Vasco é
uma bomba financeira e isso independe de quem esteja no poder. Vai levar anos
até controlarmos os problemas nessa área. E, nesse processo, muita gente vai
pular pra fora da nau aos primeiros sinais de tempestade. E depois vai
criticar. É normal.
Mas as
denúncias têm que ser apuradas. E o principal: Dinamite, que não apenas é
mandatário mas também é ídolo do clube, PRECISA vir a público para prestar
novos esclarecimentos, com o maior nível de transparência de que for capaz.
É hora de
consertar fora de campo para recomeçar dentro dele.

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